O liberalismo
Doutrina de economia política desenvolvida a partir do século 17 na Europa por pensadores como John Locke, David Ricardo e Adam Smith.
O liberalismo surgiu como uma versão da “liberdade” dos princípios da filosofia
Iluminista, tendo duas vertentes: o liberalismo econômico que serviu como
justificativa teórica para o grande enriquecimento da burguesia europeia e, o
liberalismo político que legitimava sua atuação na esfera pública burguesa
(campo político da modernidade). Trataremos primeiro do
liberalismo econômico.
Detalhe: o liberalismo é uma fórmula de funcionamento do
sistema econômico capitalismo. Não confunda liberalismo com capitalismo (os
dois não são da mesma categoria). Veja:

Mercantilismo
Teoria que a partir do século XVI
pretende reforçar a posição das práticas feudais contra o enriquecimento dos
burgueses, mas acaba por avantajar a engorda do capital comercial e
manufatureiro, acelerando o desenvolvimento do capitalismo.
Feudalismo - capitalismo (sistemas econômicos)
Teorias que
fazem o capitalismo funcionar:
Liberalismo (séc.
XIX até 1929)
Keynesianismo (déc. 1930 até 1970)
Neoliberalismo (1970 - atual)
Keynesianismo (déc. 1930 até 1970)
Neoliberalismo (1970 - atual)
A ideia principal do
liberalismo econômico é a de que a economia de um país não deve sofrer
intervenção de quaisquer fatores externos, sendo o MERCADO a instância
reguladora das demandas sócio-economias e políticas. Assim, o liberalismo prega
a não-intervenção do Estado na economia,
logo os governos não devem legislar a fim de controlar o crescimento do
capital.
Para o liberalismo, a regulamentação estatal – seja por protecionismo
à empresas nacionais ou aos direitos trabalhistas dos indivíduos – deve acabar, bem como o capital estatal deve ser privatizado, passando todas as
empresas estatais para as mãos da burguesia. Então, segundo a teoria Liberal não deve haver
escola, hospital, siderúrgica, petroquímica e quaisquer empresas estatais, pois
o Estado deve estar fora da economia. A isso, os liberais denominam “Estado mínimo”.
A aplicação dos princípios liberais gera uma desestatização do
capital e a desregulamentação do mercado ( o chamado “livre-mercado”) tanto
econômico quanto trabalhista. Para Adam Smith, as necessidades do capital ao
controlar o mercado se auto-ajustariam a longo
prazo e as populações teriam que se ajustar ao desenvolvimento do capital.
Assim, todas as demandas populacionais devem obedecer aos interesses do longo prazo de “auto-ajuste do mercado”,
mesmo aquelas que dependeriam de soluções a curto
prazo para serem resolvidas, como o problema da fome.
No liberalismo o “MERCADO” não é tratado como âmbito de relações humanas onde ocorrem
as trocas de força de trabalho por dinheiro e deste por mercadorias (produção,
distribuição e consumo) e, por isso, envolvem as emoções e limitações humanas. O
liberalismo prega que o MERCADO é uma entidade de decisão dos fatores humanos –
quase sempre tratado como uma entidade superior aos homens que decide por eles
(!!!!!) – e que não pode ser controlado por nenhum Estado ou população de qualquer
país. O MERCADO é visto como autônomo em relação aos homens (SIC).
O liberalismo do século 19 encontrou nas teorias do
Malthusianismo e do Darwinismo o respaldo para sua aplicação. A primeira prega
a desproporcionalidade entre o crescimento populacional e o crescimento do
número ofertado de alimentos no mundo, assim a adaptação do mais forte (que é o
cerne da teoria Darwinista) resolveria o problema, pois os mais fracos – na
disputa por alimentação – seriam eliminados, ou teriam que se adaptar ao “quem
não tem está fora”. Com a aplicação desta tríplice teorização, ao
enriquecimento burguês estaria contraposta a luta pela sobrevivência de todos
aqueles que não tem acesso aos meios de produção e aos pequenos burgueses. É um gigantesco salve-se quem puder... (típico do Brasil... percebam).
A teoria liberal foi aplicada no século 19 e acabou por gerar
a famosa “Crise de 1929” e a "Grande Depressão" dos anos 1930. A partir do “Crack da bolsa de Nova York”, quando o sistema capitalista entrou em colapso
devido a mais uma crise de superprodução (quando as empresas tem
mercadorias estocadas mas a população não tem acesso a esses produtos, por não
ter dinheiro). As economias de vários países foram para o buraco, o índice de
desemprego bateu na casa dos 60% na Noruega, 40% na Alemanha e 24% nos E.U.A.
e, nos países como a Alemanha, proporcionou surgimento do nazifascismo. Também houve locais, como os EUA, que ocorreu a aplicação das
propostas do economista inglês John Keynes, (criador da teoria keynesiana) para tirar o capitalismo dessa gigantesca crise.
Hoje a aplicação do liberalismo prega a privatização de tudo o
que é público (empresas, entidades beneficentes, espaços-públicos/políticos de
debates na sociedade) e a desregulamentação do mercado de trabalho e de
proteção dos capitais nacionais ao capital especulativo estrangeiro.
Politicamente, o liberalismo prega a participação do indivíduo
através do livre arbítrio na política de seu país. Todos são livres para
participar ou não daquilo que os liberais colocam como a fundamental em termos
de participação política: as eleições.
Poder votar se torna o máximo da capacidade das pessoas de
estar decidindo seu futuro. É por isso que nos países capitalistas se restringe
participação política (que é algo muito amplo) a participação na escolha
daqueles que irão representar o eleitor. Política
vira apenas política parlamentar. Por exemplo, nos EUA o voto é livre (vota
quem quer). No entanto, entre as mulheres somente 55% votam; não é atoa que as
leis trabalhistas naquele país estabelecem uma diferença salarial de 20% a
menos para as mulheres no mesmo cargo que um homem (!)