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sexta-feira, 24 de outubro de 2014

O liberalismo

O liberalismo

Doutrina de economia política desenvolvida a partir do século 17 na Europa por pensadores como John Locke, David Ricardo e Adam Smith. O liberalismo surgiu como uma versão da “liberdade” dos princípios da filosofia Iluminista, tendo duas vertentes: o liberalismo econômico que serviu como justificativa teórica para o grande enriquecimento da burguesia europeia e, o liberalismo político que legitimava sua atuação na esfera pública burguesa (campo político da modernidade). Trataremos primeiro do liberalismo econômico.
John Locke
Adam Smith e a "mão invisível do mercado"

Detalhe: o liberalismo é uma fórmula de funcionamento do sistema econômico capitalismo. Não confunda liberalismo com capitalismo (os dois não são da mesma categoria). Veja:



Mercantilismo


          Teoria que a partir do século XVI pretende reforçar a posição das práticas feudais contra o enriquecimento dos burgueses, mas acaba por avantajar a engorda do capital comercial e manufatureiro, acelerando o desenvolvimento do capitalismo.

Feudalismo - capitalismo (sistemas econômicos)

Teorias que fazem o capitalismo funcionar:
 Liberalismo      (séc. XIX até 1929)         
              Keynesianismo  (déc. 1930 até 1970)                                         
                        Neoliberalismo    (1970 - atual)

 A ideia principal do liberalismo econômico é a de que a economia de um país não deve sofrer intervenção de quaisquer fatores externos, sendo o MERCADO a instância reguladora das demandas sócio-economias e políticas. Assim, o liberalismo prega a não-intervenção do Estado na economia, logo os governos não devem legislar a fim de controlar o crescimento do capital. 

Para o liberalismo, a regulamentação estatal – seja por protecionismo à empresas nacionais ou aos direitos trabalhistas dos indivíduos – deve acabar, bem como o capital estatal deve ser privatizado, passando todas as empresas estatais para as mãos da burguesia. Então, segundo a teoria Liberal não deve haver escola, hospital, siderúrgica, petroquímica e quaisquer empresas estatais, pois o Estado deve estar fora da economia. A isso, os liberais denominam “Estado mínimo”.

A aplicação dos princípios liberais gera uma desestatização do capital e a desregulamentação do mercado ( o chamado “livre-mercado”) tanto econômico quanto trabalhista. Para Adam Smith, as necessidades do capital ao controlar o mercado se auto-ajustariam a longo prazo e as populações teriam que se ajustar ao desenvolvimento do capital. Assim, todas as demandas populacionais devem obedecer aos interesses do longo prazo de “auto-ajuste do mercado”, mesmo aquelas que dependeriam de soluções a curto prazo para serem resolvidas, como o problema da fome.

No liberalismo o “MERCADO” não é tratado como âmbito de relações humanas onde ocorrem as trocas de força de trabalho por dinheiro e deste por mercadorias (produção, distribuição e consumo) e, por isso, envolvem as emoções e limitações humanas. O liberalismo prega que o MERCADO é uma entidade de decisão dos fatores humanos – quase sempre tratado como uma entidade superior aos homens que decide por eles (!!!!!) – e que não pode ser controlado por nenhum Estado ou população de qualquer país. O MERCADO é visto como autônomo em relação aos homens (SIC).


O liberalismo do século 19 encontrou nas teorias do Malthusianismo e do Darwinismo o respaldo para sua aplicação. A primeira prega a desproporcionalidade entre o crescimento populacional e o crescimento do número ofertado de alimentos no mundo, assim a adaptação do mais forte (que é o cerne da teoria Darwinista) resolveria o problema, pois os mais fracos – na disputa por alimentação – seriam eliminados, ou teriam que se adaptar ao “quem não tem está fora”. Com a aplicação desta tríplice teorização, ao enriquecimento burguês estaria contraposta a luta pela sobrevivência de todos aqueles que não tem acesso aos meios de produção e aos pequenos burgueses. É um gigantesco salve-se quem puder... (típico do Brasil... percebam).

A teoria liberal foi aplicada no século 19 e acabou por gerar a famosa “Crise de 1929” e a "Grande Depressão" dos anos 1930. A partir do “Crack da bolsa de Nova York”, quando o sistema capitalista entrou em colapso devido a mais uma crise de superprodução (quando as empresas tem mercadorias estocadas mas a população não tem acesso a esses produtos, por não ter dinheiro). As economias de vários países foram para o buraco, o índice de desemprego bateu na casa dos 60% na Noruega, 40% na Alemanha e 24% nos E.U.A. e, nos países como a Alemanha, proporcionou surgimento do nazifascismo. Também houve locais, como os EUA,  que ocorreu a aplicação das propostas do economista inglês John Keynes, (criador da teoria keynesiana) para tirar o capitalismo dessa gigantesca crise.

Hoje a aplicação do liberalismo prega a privatização de tudo o que é público (empresas, entidades beneficentes, espaços-públicos/políticos de debates na sociedade) e a desregulamentação do mercado de trabalho e de proteção dos capitais nacionais ao capital especulativo estrangeiro.

Politicamente, o liberalismo prega a participação do indivíduo através do livre arbítrio na política de seu país. Todos são livres para participar ou não daquilo que os liberais colocam como a fundamental em termos de participação política: as eleições.

Poder votar se torna o máximo da capacidade das pessoas de estar decidindo seu futuro. É por isso que nos países capitalistas se restringe participação política (que é algo muito amplo) a participação na escolha daqueles que irão representar o eleitor. Política vira apenas política parlamentar. Por exemplo, nos EUA o voto é livre (vota quem quer). No entanto, entre as mulheres somente 55% votam; não é atoa que as leis trabalhistas naquele país estabelecem uma diferença salarial de 20% a menos para as mulheres no mesmo cargo que um homem (!)