A limpeza do espaço público em São
Paulo no início do século 20
No
início do século os surtos de doenças ameaçam invadir as casas elegantes dos
recentes bairros ricos, como os Campos Elísios ou Higienópolis (Cidade da Higiene).
Além disso, a população pobre da cidade, é para os especialistas da saúde
pública, a fonte da “casa imunda”, para eles, o trabalhador era incapaz de
manter sua própria vida, pois eram bárbaros e precisavam deles, os civilizados,
para a criação de condições ambientais que favorecessem a formação de
personalidades sadias.
A
higiene pública vê-se na obrigação de garantir o controle do ar e da água nas
casas, ruas, cidades, fábricas, escolas, hospitais e prisões. O Dr. Figueira de
Mello salientava: “A melhoria da habitação operária (...) acarreta consigo a
resolução de uma série de necessidades, que tem por origem, vícios e defeitos
de ordem moral e física”. Perceba: os riscos de infecção são denunciados de
forma alarmista e sensacionalista pelos médicos, que propõe mecanismos de
“correção”. Os trabalhadores são transformados em objetos de observação e de
análise dos especialistas: botequins, bordéis e habitações operárias (cortiços).
Para o burguês a população pobre é incapaz de elaborar idéias sofisticadas e de
exprimir sentimentos delicados. Esta ideia justifica a aplicação de ações
autoritárias, que pretende ensinar-lhes hábitos “racionais”. São determinadas
proibições de construção de cortiços e a eliminação dos existentes, além da
intimidação dos operários com multas sanitárias. Era total o desinteresse da
classe dominante pela vida do pobre. Mas o desrespeito era enorme...
No
entanto, a estratégia de desinfecção que
torna o pobre limpo está ligada à submissão como um trabalhador comportado e produtivo
(!).
Surge, então a ideia de construção de vilas operárias nos bairros periféricos de São Paulo.