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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O Renascimento Cultural


O Renascimento Cultural

Renascimento é o nome que se dá a um movimento cultural, que ocorreu na Europa Ocidental entre os séculos 14 e 16, inspirado na cultura greco-romana, também chamada de “cultura clássica”. Esse momento foi feito por camadas urbanas de alguns burgos e foi considerado um fenômeno de passagem da mentalidade feudal para uma nova, capitalista.

O Renascimento foi um movimento de artistas e intelectuais das cidades e representava uma nova concepção de vida que essas cidades encarnavam.  Desde a crise do sistema feudal e o ressurgimento do comércio e das cidades (burgos), as ideias dessas pessoas serão exaltadas e difundidas, especialmente nas obras de arte.

Desde a crise do sistema feudal, havia uma ascensão da burguesia comercial (mercadores) enquanto classe social e, com ela, novas relações de trabalho que se desenvolviam nas cidades. O renascimento representa essa ascensão.


 "O homem é a medida de todas as coisas"

Filosoficamente, esse movimento se baseava no humanismo que, descartando a escolástica medieval, propunha um retorno à virtude greco-romana. Autores como Platão, Aristóteles e Sêneca, entre outros, foram publicados – a partir da invenção da imprensa em 1455 pelo alemão Johannes Gutemberg – e difundidos. No entanto, mesmo usando as ideias da cultura clássica, o Renascimento não foi uma simples cópia desta, pois as ideias eram usadas de acordo com o contexto histórico do final da medievalidade e início da modernidade.

Outra concepção que os homens renascentistas valorizaram era o antropocentrismo: isto é, a visão de que as coisas do mundo ocorriam a partir da importância do ser humano. O trabalho, o comércio, as guerras, os sentimentos, as lutas sociais começaram a ser estudadas como produto da ação do homem.

Outra característica forte do movimento foi o racionalismo, isto é, a certeza de que tudo pode ser explicado pela razão do homem e, consequentemente, pela ciência. Essa ideia levara a recusa em acreditar naquilo que não tenha sido provada. Por isso, o experimentalismo científico era valor importante para os renascentistas.

Além desses, o individualismo também foi um dos valores renascentistas: cada um é responsável pela condução de sua vida, podendo fazer opções e discutir suas ideias com os outros.  Abre-se a possibilidade de uma tomada de decisões por cada homem.

Outras características do Renascimento foram: o naturalismo, o estudo da natureza, acentuando o espírito de observação dos seres humanos; o hedonismo ou "culto ao prazer", a ideia de que o homem pode produzir o belo e assim pode gerar obras apenas pelo prazer que essa lhe dá (rompendo com o pragmatismo); o universalismo, o homem deve se desenvolver em todas as áreas do saber; (nesse sentido, Leonardo da Vinci é o modelo de "homem universal": pintor, inventor, escultor, matemático, físico, tendo estudado inclusive aspectos da biologia humana…).



Maquiavel e a divisão das responsabilidades

Nicolau Maquiavel foi um pensador renascentista que viveu entre o final do século 15 e início do 16. Seu pensamento é muito importante para entender o fundamento filosófico do Renascimento, pois ele é visto como fundador do pensamento político moderno, pois em suas obras escreveu sobre o Estado e o poder político.

O grande sonho de Maquiavel era ver a Itália unificada (pois na época a região era formada por diversos principados, reinos, repúblicas e outros – todas brigando entre si). Para Maquiavel, um grande príncipe era aquele que conseguiria conquistar e, principalmente, manter um grande reino. Para isso, o príncipe devia unir a Virtú (capacidade) e a Fortuna (oportunidade). A capacidade era algo humano e devia ser desenvolvida pelo homem-rei; enquanto a oportunidade era Deus que dava ao homem. Em sua principal obra, “O príncipe”, Maquiavel explica essas ideias e cita Alexandre o Grande como exemplo de alguém que desenvolveu a capacidade – afinal conquistou enormes regiões na Ásia para o Império Macedônico da Antiguidade – mas, não recebeu de Deus a oportunidade de ser um grande rei, pois morreu na volta para a Europa.

Perceba: o pensamento de Maquiavel divide as responsabilidades entre Deus e o homem nas ações humanas, questionando a visão da Igreja da Idade Média que pregava o Teocentrismo e a Sacralização da Vida, nas quais o homem era visto apenas como um ser “manipulado” por Deus (ou pelo demônio), sendo que, Deus decidia quais os caminhos que o homem podia ou não fazer – e o demônio o tentava para caminhos ruins. O pensamento de Maquiavel dá aos seres humanos a capacidade de agir de acordo com suas vontades, seu livre-arbítrio. No entanto, Maquiavel, e o próprio Renascimento, não rompem com a igreja cristã, mas apenas criticam a visão que dava a centralidade das ações e dos acontecimentos humanos para Deus.

Mecenato e a expansão do Renascimento

Em algumas cidades italianas, especialmente naqueles ligadas ao comércio, importantes transformações - como a formação de grupos de burgueses ricos (que precisavam de reconhecimento social), foi onde o Renascimento mais se desenvolveu. Desde a século 13, o comércio levou à urbanização e autonomia das cidades. Assim, os homens buscavam decidir as coisas em conjunto e desenvolveram uma nova mentalidade que levará a produção de obras de arte e pensamentos que mostravam essa visão renascentista.


Nesse sentido, o mecenato foi fundamental para a produção intelectual e artística do renascimento. O mecenas era considerado "protetor": homem rico que financiava a produção das artes. O mecenas se beneficiava das obras com o prestígio social obtido pelas ideias difundidas.

No século 16 a cultura renascentista expandiu-se para outros países da Europa Ocidental, justamente quando entrava em crise na região da Itália. Como essa região era muito dividida e vivia em guerras e invasões, as ocupações, de franceses e espanhóis, por exemplo, levaram a um conhecimento sobre as ideias renascentistas. Também, devido as grandes navegações países como Portugal, Espanha e Inglaterra desenvolveram uma mentalidade que unia os interesses e a ideias renascentistas da burguesia com os interesses da nobreza. Nesse momento, a decadência do comércio das cidades italianas beneficiou as áreas “atlânticas” do Renascimento impulsionando o movimento nessas regiões.