O Renascimento
Cultural
O
Renascimento foi um movimento de artistas e intelectuais das cidades e
representava uma nova concepção de vida que essas cidades encarnavam. Desde a crise do sistema feudal e o
ressurgimento do comércio e das cidades (burgos), as ideias dessas pessoas
serão exaltadas e difundidas, especialmente nas obras de arte.
Desde
a crise do sistema feudal, havia uma ascensão da burguesia comercial
(mercadores) enquanto classe social e, com ela, novas relações de trabalho que
se desenvolviam nas cidades. O renascimento representa essa ascensão.
Filosoficamente,
esse movimento se baseava no humanismo
que, descartando a escolástica medieval, propunha um retorno à virtude greco-romana.
Autores como Platão, Aristóteles e Sêneca, entre outros, foram publicados – a partir
da invenção da imprensa em 1455 pelo alemão Johannes Gutemberg – e difundidos. No
entanto, mesmo usando as ideias da cultura clássica, o Renascimento não foi uma
simples cópia desta, pois as ideias eram usadas de acordo com o contexto histórico
do final da medievalidade e início da modernidade.
Outra
concepção que os homens renascentistas valorizaram era o antropocentrismo: isto é, a visão de que as coisas do mundo ocorriam
a partir da importância do ser humano. O trabalho, o comércio, as guerras, os
sentimentos, as lutas sociais começaram a ser estudadas como produto da ação do
homem.
Outra característica forte do movimento foi o racionalismo, isto é, a certeza de que tudo pode ser explicado pela razão do homem e, consequentemente, pela ciência. Essa ideia levara a recusa em acreditar naquilo que não tenha sido provada. Por isso, o experimentalismo científico era valor importante para os renascentistas.
Além
desses, o individualismo também foi
um dos valores renascentistas: cada um é responsável pela condução de sua vida,
podendo fazer opções e discutir suas ideias com os outros. Abre-se a possibilidade de uma tomada de
decisões por cada homem.
Outras
características do Renascimento foram: o naturalismo,
o estudo da natureza, acentuando o espírito de observação dos seres humanos; o hedonismo ou "culto ao
prazer", a ideia de que o homem pode produzir o belo e assim pode gerar obras
apenas pelo prazer que essa lhe dá (rompendo com o pragmatismo); o universalismo, o homem deve se desenvolver
em todas as áreas do saber; (nesse sentido, Leonardo da Vinci é o modelo de
"homem universal": pintor, inventor, escultor, matemático, físico,
tendo estudado inclusive aspectos da biologia humana…).
Maquiavel e a divisão
das responsabilidades
O
grande sonho de Maquiavel era ver a Itália unificada (pois na época a região
era formada por diversos principados, reinos, repúblicas e outros – todas brigando
entre si). Para Maquiavel, um grande príncipe era aquele que conseguiria
conquistar e, principalmente, manter um grande reino. Para isso, o príncipe
devia unir a Virtú (capacidade) e a Fortuna (oportunidade). A capacidade era
algo humano e devia ser desenvolvida pelo homem-rei; enquanto a oportunidade era
Deus que dava ao homem. Em sua principal obra, “O príncipe”, Maquiavel explica
essas ideias e cita Alexandre o Grande como exemplo de alguém que desenvolveu a
capacidade – afinal conquistou enormes regiões na Ásia para o Império Macedônico
da Antiguidade – mas, não recebeu de Deus a oportunidade de ser um grande rei,
pois morreu na volta para a Europa.
Perceba:
o pensamento de Maquiavel divide as responsabilidades entre Deus e o homem nas
ações humanas, questionando a visão da Igreja da Idade Média que pregava o Teocentrismo e a Sacralização da Vida, nas quais o homem era visto apenas como um
ser “manipulado” por Deus (ou pelo demônio), sendo que, Deus decidia quais os
caminhos que o homem podia ou não fazer – e o demônio o tentava para caminhos
ruins. O pensamento de Maquiavel dá aos seres humanos a capacidade de agir de
acordo com suas vontades, seu livre-arbítrio. No entanto, Maquiavel, e o próprio
Renascimento, não rompem com a igreja cristã, mas apenas criticam a visão que
dava a centralidade das ações e dos acontecimentos humanos para Deus.
Mecenato e a expansão
do Renascimento
Em
algumas cidades italianas, especialmente naqueles ligadas ao comércio, importantes
transformações - como a formação de grupos de burgueses ricos (que precisavam
de reconhecimento social), foi onde o Renascimento mais se desenvolveu. Desde a
século 13, o comércio levou à urbanização e autonomia das cidades. Assim, os
homens buscavam decidir as coisas em conjunto e desenvolveram uma nova mentalidade
que levará a produção de obras de arte e pensamentos que mostravam essa visão renascentista.
Nesse
sentido, o mecenato foi fundamental para a produção intelectual e artística do
renascimento. O mecenas era considerado "protetor": homem rico que
financiava a produção das artes. O mecenas se beneficiava das obras com o
prestígio social obtido pelas ideias difundidas.
No século 16 a cultura renascentista expandiu-se para outros países da Europa Ocidental, justamente quando entrava em crise na região da Itália. Como essa região era muito dividida e vivia em guerras e invasões, as ocupações, de franceses e espanhóis, por exemplo, levaram a um conhecimento sobre as ideias renascentistas. Também, devido as grandes navegações países como Portugal, Espanha e Inglaterra desenvolveram uma mentalidade que unia os interesses e a ideias renascentistas da burguesia com os interesses da nobreza. Nesse momento, a decadência do comércio das cidades italianas beneficiou as áreas “atlânticas” do Renascimento impulsionando o movimento nessas regiões.
No século 16 a cultura renascentista expandiu-se para outros países da Europa Ocidental, justamente quando entrava em crise na região da Itália. Como essa região era muito dividida e vivia em guerras e invasões, as ocupações, de franceses e espanhóis, por exemplo, levaram a um conhecimento sobre as ideias renascentistas. Também, devido as grandes navegações países como Portugal, Espanha e Inglaterra desenvolveram uma mentalidade que unia os interesses e a ideias renascentistas da burguesia com os interesses da nobreza. Nesse momento, a decadência do comércio das cidades italianas beneficiou as áreas “atlânticas” do Renascimento impulsionando o movimento nessas regiões.