O conceito de populismo e sua crítica
O conceito de populismo foi criado por liberais
anti-varguistas e aproveitado por marxistas. Tanto em uma formulação, quanto em
outra o conceito trabalha com o pressuposto de que a população trabalhadora é
MANIPULÁVEL.
No caso do marxismo, a análise do populismo diz que os
trabalhadores deixam de se tornar "classe", ao não se conscientizarem de sua
situação e possibilidades de luta e, assim, se tornam "massa", i. e., manipulável.
O interessante é que, nas duas formulações os trabalhadores
são vistos como ingênuos e marionetes, mas nunca como seres pensantes.
Nas primeiras décadas dos anos 2000, surgiram críticas
ao conceito de populismo. Historiadores como Jorge Ferreira e Daniel Aarão Reis
Filho questionam as raízes teóricas e, principalmente, a falta de pesquisa
histórica sobre as relações entre Vargas e os trabalhadores, do ponto de vista
desses últimos (!!). Assim, há o que Daniel Aarão chama de "Colapso do
colapso do populismo" (numa alusão bem humorada ao livro de O. Ianni,
"O colapso do populismo").
As pesquisas históricas recentes desses e outros historiadores mostram que os
trabalhadores - embora entrassem no jogo varguista - percebiam no que isso incorria e ainda se questionavam se não era melhor ter Vargas - manipulador e repressivo - do
que as elites liberais – que haviam governado o país na República Velha e desde esta época apenas reprimiam...
Desse modo, na cabeça dos trabalhadores, com Vargas havia alguns direitos trabalhistas... Mas e com as elites
liberais? Apenas a repressão policial expressa na conhecida frase atribuída a
Washington Luís: “questão social é questão de polícia”.
Referências Bibliográficas:
REIS FILHO, Daniel Aarão. "O colapso do colapso do populismo ou a propósito de uma herança maldita" In: FERREIRA, Jorge (Org.). O populismo e sua história: debate e crítica . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
FERREIRA, Jorge. O Imaginário Trabalhista. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005.