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sábado, 5 de março de 2016

O conceito de populismo e sua crítica

O conceito de populismo e sua crítica

O conceito de populismo foi criado por liberais anti-varguistas e aproveitado por marxistas. Tanto em uma formulação, quanto em outra o conceito trabalha com o pressuposto de que a população trabalhadora é MANIPULÁVEL.

No caso do marxismo, a análise do populismo diz que os trabalhadores deixam de se tornar "classe", ao não se conscientizarem de sua situação e possibilidades de luta e, assim, se tornam "massa", i. e., manipulável.

O interessante é que, nas duas formulações os trabalhadores são vistos como ingênuos e marionetes, mas nunca como seres pensantes.

Nas primeiras décadas dos anos 2000, surgiram críticas ao conceito de populismo. Historiadores como Jorge Ferreira e Daniel Aarão Reis Filho questionam as raízes teóricas e, principalmente, a falta de pesquisa histórica sobre as relações entre Vargas e os trabalhadores, do ponto de vista desses últimos (!!). Assim, há o que Daniel Aarão chama de "Colapso do colapso do populismo" (numa alusão bem humorada ao livro de O. Ianni, "O colapso do populismo").


As pesquisas históricas recentes desses e outros historiadores mostram que os trabalhadores - embora entrassem no jogo varguista - percebiam no que isso incorria e ainda se questionavam se não era melhor ter Vargas - manipulador e repressivo - do que as elites liberais – que haviam governado o país na República Velha e desde esta época apenas reprimiam... 

Desse modo, na cabeça dos trabalhadores, com Vargas havia alguns direitos trabalhistas... Mas e com as elites liberais? Apenas a repressão policial expressa na conhecida frase atribuída a Washington Luís: “questão social é questão de polícia”.



Referências Bibliográficas:

REIS FILHO, Daniel Aarão. "O colapso do colapso do populismo ou a propósito de uma herança maldita" In: FERREIRA, Jorge (Org.). O populismo e sua história: debate e crítica . Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.


FERREIRA, Jorge. O Imaginário Trabalhista. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 2005.