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domingo, 22 de outubro de 2017

O governo Jânio Quadros (1961)

O governo Jânio Quadros: sete meses que parecem anos (1961)

         Político paulista de carreira meteórica, Jânio da silva Quadros era de classe média conservadora e teve uma educação moralista.
         Politicamente ele foi prefeito de S. Paulo, governador de S. Paulo e presidente do Brasil em 3 eleições seguidas.
         Na campanha de 1960, se associou à UDN para ter projeção nacional. Sua campanha era baseada no combate à corrupção (em evidência no governo JK). Seu símbolo: uma vassoura.
         Como naquela época havia duas eleições: uma pra presidente e outra pra vice (diferente de hoje que o vice vem de brinde). Em São Paulo, surgiram os comitês "Jan-Jan" que pediam votos para dois candidatos de chapas adversárias: Jânio para presidente e João Goulart (PTB) pra vice-presidente. Assim eles foram eleitos.
         Antes de assumir o cargo, Jânio faz uma viagem internacional e aparece na TV cubana dançando junto ao povo do país, comemorando a expulsão dos EUA da ilha (!!!!).  A Revolução Cubana foi, a principio, uma revolução nacionalista e antiamericana.
         Mas isso era só o começo...
As contradições entre o bloco multinacional-liberal e o bloco nacional-estatista se mostram presentes durante seu todo seu governo, em que Jânio faz ações que beneficiam ora um lado, hora outro; como se os dois projetos se confundissem. Algumas dessas ações do presidente deixaram os dois blocos perplexos, devido a essa confusão de seu posicionamento. Exemplos disso são: a política cambial de Jânio, ao mesmo tempo em que agradava o bloco multinacional-liberal, tentava barrar a internacionalização da economia; assim como na política externa, que favorecia o bloco nacional-estatista, através de sua “Política externa independente”. Como no reconhecimento da independência de Gana.
Outras ações do presidente se tornaram a marca dessa “Política externa independente” não foram entendidas por nenhum dos dois lados... Imagine, em plena Guerra Fria entre EUA e URSS, ele condecorou o guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara com a maior homenagem que alguém podia receber no Brasil da época: a Ordem do Cruzeiro do Sul.
Mostrando um enorme despreparo para ser presidente, Jânio se comunicava com seus assessores e ministros do governo por bilhetinhos, mandando ordens muito importantes nesses, sem timbre ou quaisquer formalidades – comuns numa administração pública. Jânio também fazia proibições que não deveriam estar nas preocupações de um presidente: briga de galo, lança-perfume e o biquíni...
Por causa do despreparo de Jânio para governar o país, cria-se uma pressão dos blocos, refletida nas brigas no Congresso Nacional.
No dia 14 de agosto, 11 dias antes da renúncia, houve a Conferência de Cidad del Este (Paraguai) chamada pelos EUA para expulsar Cuba da organização e assim evitar que os países latinos seguissem Cuba em sua revolução. Nessa Conferência, existiu toda uma organização e um discurso para cercar Cuba e levá-la a um isolacionismo econômico. Jânio havia dado ordem pra que os representantes brasileiros votassem com Cuba ou para se abster, caso a votação fosse complicada. Mas o deputado da UDN Roberto Campos não obedeceu o presidente e votou com os EUA (!!). Alguns historiadores consideram que Jânio decide pela renúncia por causa desse fato. Ele manda Jango em uma viagem para o a China Socialista... isso era apenas o início do plano de Jânio.
Em 25 de Agosto Jânio entrega uma carta renunciando ao poder. Tudo isso era um plano de Jânio para dar um Golpe de Estado. Esse plano previa que após a renúncia, ocorreria uma grande comoção popular e com isso ele voltaria como Ditador e fecharia o Congresso Nacional. Porém esse plano não funciona, pois ninguém sai às ruas para protestar e pedir sua volta ao poder. Jânio havia acreditado na mentira que ele mesmo criou... achou que o povo o considerava como faziam com Getúlio...
Esse plano maluco de Jânio Quadros joga o Brasil em uma profunda crise política. A UDN e os ministros militares não aceitam a posse de João Goulart (Jango). Dão ordens para que o exército tome todas as rádios e para que a aeronáutica prenda Jango assim que ele pisar num aeroporto do Brasil.