O governo Jânio Quadros: sete meses que parecem anos (1961)
Político
paulista de carreira meteórica, Jânio da silva Quadros era de classe média
conservadora e teve uma educação moralista.
Politicamente
ele foi prefeito de S. Paulo, governador de S. Paulo e presidente do Brasil em
3 eleições seguidas.
Na
campanha de 1960, se associou à UDN para ter projeção nacional. Sua campanha
era baseada no combate à corrupção (em evidência no governo JK). Seu símbolo:
uma vassoura.
Como
naquela época havia duas eleições: uma pra presidente e outra pra vice
(diferente de hoje que o vice vem de brinde). Em São Paulo, surgiram os comitês "Jan-Jan" que pediam votos para dois candidatos de chapas adversárias: Jânio para
presidente e João Goulart (PTB) pra vice-presidente. Assim eles foram eleitos.
Antes de
assumir o cargo, Jânio faz uma viagem internacional e aparece na TV cubana
dançando junto ao povo do país, comemorando a expulsão dos EUA da ilha (!!!!). A Revolução Cubana foi, a principio, uma
revolução nacionalista e antiamericana.
Mas isso era só o
começo...
As contradições entre o bloco
multinacional-liberal e o bloco nacional-estatista se mostram presentes durante
seu todo seu governo, em que Jânio faz ações que beneficiam ora um lado, hora
outro; como se os dois projetos se confundissem. Algumas dessas ações do
presidente deixaram os dois blocos perplexos, devido a essa confusão de seu posicionamento.
Exemplos disso são: a política cambial de Jânio, ao mesmo tempo em que agradava
o bloco multinacional-liberal, tentava barrar a internacionalização da economia;
assim como na política externa, que favorecia o bloco nacional-estatista,
através de sua “Política externa independente”. Como no reconhecimento da
independência de Gana.
Outras ações do presidente se
tornaram a marca dessa “Política externa independente” não foram entendidas por
nenhum dos dois lados... Imagine, em plena Guerra Fria entre EUA e URSS, ele
condecorou o guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara com a maior homenagem que
alguém podia receber no Brasil da época: a Ordem do Cruzeiro do Sul.
Mostrando um enorme despreparo
para ser presidente, Jânio se comunicava com seus assessores e ministros do
governo por bilhetinhos, mandando ordens muito importantes nesses, sem timbre
ou quaisquer formalidades – comuns numa administração pública. Jânio também fazia
proibições que não deveriam estar nas preocupações de um presidente: briga de
galo, lança-perfume e o biquíni...
Por causa do despreparo de Jânio
para governar o país, cria-se uma pressão dos blocos, refletida nas brigas no
Congresso Nacional.
No dia 14 de agosto, 11 dias
antes da renúncia, houve a Conferência de Cidad del Este (Paraguai) chamada pelos
EUA para expulsar Cuba da organização e assim evitar que os países latinos
seguissem Cuba em sua revolução. Nessa Conferência, existiu toda uma
organização e um discurso para cercar Cuba e levá-la a um isolacionismo
econômico. Jânio havia dado ordem pra que os representantes brasileiros votassem
com Cuba ou para se abster, caso a votação fosse complicada. Mas o deputado da
UDN Roberto Campos não obedeceu o presidente e votou com os EUA (!!). Alguns historiadores
consideram que Jânio decide pela renúncia por causa desse fato. Ele manda Jango
em uma viagem para o a China Socialista... isso era apenas o início do plano de
Jânio.
Em 25 de Agosto Jânio entrega
uma carta renunciando ao poder. Tudo isso era um plano de Jânio para dar um
Golpe de Estado. Esse plano previa que após a renúncia, ocorreria uma grande
comoção popular e com isso ele voltaria como Ditador e fecharia o Congresso
Nacional. Porém esse plano não funciona, pois ninguém sai às ruas para protestar e pedir sua volta ao poder.
Jânio havia acreditado na mentira que ele mesmo criou... achou que o povo o
considerava como faziam com Getúlio...
Esse plano maluco de Jânio
Quadros joga o Brasil em uma profunda crise política. A UDN e os ministros
militares não aceitam a posse de João Goulart (Jango). Dão ordens para que o exército
tome todas as rádios e para que a aeronáutica prenda Jango assim que ele pisar
num aeroporto do Brasil.